Balanço de 2021 + metas para 2022

♪♫Oblivion - Royal Blood

    Quem leva uma vida normal sabe que 2021 não foi fácil pra ninguém, ou ao menos pra ninguém que não seja indecentemente rico. Claro que pra mim não foi diferente, sendo pobre e estando desempregada, esse ano foi mais complicado e frustrante do que consigo colocar em palavras. "Não aguento mais não aguentar mais" deixou de ser um meme engraçadinho e se tornou uma realidade bem estressante por aqui.

    Mas passar um ano inteiro totalmente desocupada (e estressada) significa que eu tive muito tempo pra pensar em muita coisa, considerando que o meu natural é pensar demais durante meu tempo livre. Assim, eu internalizei algumas coisas interessantes e tô no processo de internalizar outras, de modo que (acho que) tenho algumas metas simples, mas interessantes, pra 2022. E depois, nem tudo foi espinhos, eu também tive a minha parcela de flores esse ano (embora pequena), e é de tudo isso que esse post se trata.

    (Achou que esse ia ser um post depressivo sobre tudo o que deu errado pra mim em 2021? Achou errado. Não fiz esse blog pra isso, já sou deprimente o suficiente no Twitter.)


Balanço de 2021

    Passar um ano inteiro totalmente desocupada, estressada por não poder fazer nada do que quero e apavorada por causa da pandemia foi incrivelmente exaustivo. Eu tô cansada de um jeito que nunca estive em toda a minha vida. E acho que essa exaustão foi a força por trás das mudanças que me aconteceram esse ano.

    Acho que dá pra separar essa exaustão em dois fatores de insatisfação: eu tô cansada de fazer sempre as mesmas coisas, e cansei também de me sentir parada no tempo.

    A partir de determinado momento da minha vida, explorar e descobrir coisas novas se tornou extremamente difícil pra mim. Não sei exatamente quando isso começou, ou se eu sequer fui diferente disso em algum momento da minha vida, só sei que nos últimos anos isso tem sido extremamente forte. Eu ouço sempre as mesmas músicas, passo todo o meu tempo livre olhando as mesmas redes sociais de novo e de novo e de novo, cuido dos jogos que eu gosto de jogar... E só. E de novo, e de novo, e de novo.

    Talvez por ter passado tempo demais desocupada e repetindo os mesmos padrões, eu acabei extremamente cansada deles.

    Claro que pra mudar isso eu contei com uma ajudinha do acaso. Quando a promoção de três meses de premium grátis do Spotify voltou, eu aproveitei. E foi assim que acabei descobrindo umas músicas do Royal Blood numa playlist de rock britânico, e dando uma olhada no Moral Panic do Nothing But Thieves por lembrar de ter visto gente falando bem do álbum no Twitter algum tempo antes (fui digitalmente influenciada sim, e essa nem foi a única vez esse ano). Assim, eu fui dar uma olhada na discografia do Royal Blood e revisitar a do NBT, e acabei obcecada por ambas as bandas. Também descobri a discografia da AURORA a partir de Runaway, e mais recentemente (no começo desse mês) fui positivamente surpreendida ao descobrir o Black Honey a partir desse artigo. Expandir minha playlist, ainda que não muito, foi uma das coisas boas que me aconteceram esse ano; e embora pareça uma coisa boba pra qualquer pessoa, pra mim isso foi um avanço considerável, dada a minha dificuldade pra explorar e descobrir coisas novas.

    (Mas eu continuo tiete do Muse acima de qualquer coisa, que fique bem claro. Inclusive até o momento da publicação desse texto estou considerando seriamente acionar as entidades de proteção aos direitos humanos pela demora no lançamento de Won't Stand Down. Esse tipo de coisa é proibido em 127 países.)

    Mas essa minha dificuldade com o novo não é só sobre música.

    No fim de 2020 eu comprei uma máquina de costura, planejando começar a costurar e eventualmente fazer roupas pra vender durante esse ano. Claro que deu errado, eu acabei sem orçamento suficiente pra comprar os materiais e passei praticamente o ano todo com a máquina parada no meu quarto, frustrada e atordoada, sem saber o que fazer sobre isso. Por várias vezes eu cogitei vender a coitada antes mesmo de ligar ela e desistir de vez dessa história de costurar... Até que me dei conta do óbvio: eu podia começar aos poucos. Foi assim, e com a ajuda financeira dos meus pais e do meu namorado, que eu consegui alguns materiais pra começar a costurar e até um curso da Domestika durante a promoção de cyber monday do site (quando todos os cursos estavam por 35 reais). Já fiz um projeto simples pra minha mãe (duas colchas de cama bem básicas pros meus irmãos) e tô me organizando pra começar alguns projetos meus.

    Além disso, durante o tempo que eu passei desocupada (ou seja: praticamente todos os dias desse ano), deu tempo de pensar muito sobre a minha vida em geral. Descobri que fica muito mais fácil fazer as coisas que quero fazer (e mudar as coisas que preciso mudar) se for avançando aos poucos, começando com pequenos passos e ir crescendo a partir daí. Percebi também que parte da minha dificuldade de fazer amizades e criar laços com as pessoas, que tanto me frustra, vem daquele mesmo problema de dificuldade pra lidar com o que desconheço, e também que em geral ninguém vai me julgar e me rejeitar tanto quanto eu mesma. Ninguém realmente liga ou se incomoda tanto assim com como eu sou ou como eu ajo, e enquanto eu não estiver sendo nociva a ninguém, eu não devo me preocupar tanto com quem se incomoda. Ao menos não a ponto de ficar paralisada de medo de ser rejeitada e nunca mais interagir com ninguém por isso. E se eu acabar sendo rejeitada, bom, não tem importância. Não posso passar o resto da vida sofrendo e me isolando por não ter sido bem quista por alguma pessoa qualquer em algum momento qualquer da minha vida.

    Acho que um pouco de "nada realmente importa" (e suas variantes) às vezes faz bem.

A imagem mostra uma arte em estilo vaporwave, com cores vibrantes. Pode-se ver espalhados pelas laterais da imagem um tubarão, um foguete, pirâmides, uma libélula, dois cogumelos, um disco voador, um robô voando por propulsão a jato, uma aranha e uma espécie de chapa ou base tecnológica que eu não consigo decifrar o que é. No centro, uma pessoa sorridente de cabelo curto e loiro, usando um boné e óculos escuros, com os braços cruzados e fazendo sinal de "beleza" com uma mão. No pé da imagem, lê-se "nothing in life matters", em português: "nada na vida importa".
Se nada realmente importa, bora se divertir no processo.

Metas para 2022

    Dado tudo isso, dá pra dizer que meu maior objetivo pra esse ano que vem aí é finalmente colocar a bagunça que é minha vida em ordem. Dito assim soa genérico, eu sei, mas é genuíno. Acho que tudo o que eu decidi tentar mudar em 2022 tem a ver com isso.

    Em primeiro lugar, eu preciso urgentemente melhorar meus horários. Como alguém que não intencionalmente sempre acaba se prendendo a uma rotina, me dei conta do quão perigoso é continuar virando noites com o celular na mão e indo dormir literalmente ao amanhecer. Provavelmente eu percebi isso por puro medo da pandemia, ok, mas pelo menos eu percebi. Tenho feito um esforço nesse sentido nas últimas duas semanas desse ano, mas preciso continuar melhorando e concretizar essas mudanças. Até porque outra coisa que eu percebi é que dormir pouco destrói o meu humor, me deixando mais suscetível a qualquer tipo de crise.

    O que nos leva ao próximo objetivo: ser mais positiva. Sei que isso soa bobo, mas a verdade é que estar presa em um ciclo de negatividade, piadas autodepreciativas e pensamentos autodestrutivos também é exaustivo. Estar o tempo todo escrevendo no Twitter sobre como eu me odeio e quero me machucar é exaustivo. E não faz o menor sentido sonhar com dias melhores, com uma felicidade que até agora eu nunca tive, se agora tudo o que eu consigo pensar é horrível. Esses ciclos me travam num lugar onde eu odeio estar, e mesmo que eu saiba que lidar com isso não é tão simples quanto "olhar o lado bom da vida" (considerando que eu tenho uma depressão não tratada, com diagnóstico clínico aos 16 anos, e que hoje eu tenho 24), o melhor que eu posso fazer sozinha e sem acesso a apoio nenhum além do meu namorado é... Tentar. Tentar respirar fundo e me controlar quando algo correr mal. Também tenho tentado isso ultimamente, tem funcionado mais ou menos bem, e eu quero pelo menos manter isso. Não acho que vou curar minha depressão só pela força do ~pensamento positivo~, só espero pelo menos me manter mais ou menos sob controle daqui pra frente.

    E talvez me tornar mais ativa me ajude com isso. Passei maior parte desse ano parada sem fazer nada e esse tédio também teve bastante influência (negativa, claro) no meu estado mental, e depois de costurar um pouquinho e começar esse blog eu percebi que me manter ocupada com algo que gosto me faz muito bem. Sendo assim, uma das minhas metas pra 2022 é justamente desenvolver esses hobbies (e talvez até tornar a costura algo lucrativo, mas vou manter a modéstia por enquanto): costurar com mais frequência e evoluir minhas habilidades, e manter esse blog ativo. Talvez até começar a praticar exercícios físicos. Isso é um plano ambicioso pra quem é absurdamente sedentária desde o começo da adolescência, mas sabendo que começar devagar e ir evoluindo aos poucos tende a funcionar pra mim, é exatamente esse o meu plano. Fora que dizem que atividade física ajuda a melhorar o humor, então bora colocar isso à prova.

    Por fim, e acho que esse sim é meu objetivo mais ambicioso pra esse ano... Eu quero perder a vergonha de interagir com as pessoas. É muito difícil pra mim sequer fazer um comentário despretensioso num tweet ou post do Instagram de qualquer pessoa, mas também é igualmente difícil viver querendo me aproximar das pessoas e nunca conseguir nem tentar. Então meu plano é, de novo, ir começando aos poucos, comentando mais nas postagens das pessoas por aí... E ver no que dá. Talvez assim eu consiga sair dessa concha onde vivo há tanto tempo, e mesmo que algo dê errado, eu preciso aprender a lidar com isso de forma mais saudável também. Respirar fundo, retomar o controle da situação e continuar tentando.

    Essas metas provavelmente parecem pequenas e simples, mas acho que isso é bom. Tentar dar um passo maior do que a perna além de não funcionar, só serve pra me deixar mais frustrada e paralisada. Então se eu quero tanto quebrar os ciclos que me fazem mal, preciso começar devagar e ir avançando aos poucos. E sinceramente, gosto da ideia de dar passos pequenos pra ver no que dá. Ter alguns objetivos claros pra seguir sem deixar de lembrar que no fim das contas a gente não tem muito como saber exatamente onde vamos chegar é bom, parece algo que pode funcionar.

    Apesar de tudo o que 2021 foi, eu realmente acredito que 2022 pode ser melhor, ao menos na minha vida particular. Ainda é um pouco difícil acreditar que algo vai melhorar nesse país antes de 2023... Mas vai saber. Pelo menos em outubro a gente finalmente vai poder votar pra tirar aquele projeto falho de ser humano da presidência (embora eu preferisse que ele saísse antes, de alguma forma milagrosa). E eu espero que pelo menos essa pandemia acabe antes de 2023... Mas bem, nenhuma agonia que eu sinta agora vai ser suficiente pra resolver isso.

    Melhor levar um dia de cada vez, dar um passo de formiguinha de cada vez, e ver no que dá. Feliz 2022 pra nós. Espero sinceramente que esse ano seja mais gentil pra gente em nossas vidas pessoais, e menos cruel pro mundo em geral.

♪♫Hold On - Royal Blood

Comentários

  1. Fui lendo o post e me identificando com tantos aspectos!! Desejo, de verdade, que possa dar passos cada vez maiores para melhorar aquilo que você deseja melhorar em você. Me senti motivada também lendo, principalmente no que diz respeito à interação com outras pessoas e na quebra de rotina ;; 2022 há de ser melhor para nós, querer é o primeiro passo, né?

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    1. Exatamente! Devagarinho a gente chega lá hehehe
      Muito obrigada, e que 2022 seja mesmo melhor pra nós! ♥

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